Deu a Vila: arando e cultivando o sonho!

Deu a Vila: arando e cultivando o sonho!

A palavra para definir esse carnaval foi: incógnita. Ninguém passou incólume na passarela do samba carioca. Uns erraram mais, outros menos. Certamente a posição geográfica da falha foi um fator definitivo na pontuação: quem pecou nas proximidades de uma das 4 cabines de jurados ao longo da pista foi penalizado, como manda o regulamento, mas se o erro foi fora do campo de visão dos julgadores…

Vamos começar por baixo. Dois enredos patrocinados não emplacaram: A Inocentes de Belford Roxo, cantando a Coréia do Sul – que acabou nem recebendo a verba prometida – e a Grande Rio. Nem o desfile de  beldades ajudou a fazer flutuar as plataformas de petróleo, robôs e etc.

Coube a São Clemente fazer um desfile correto, falando de um tema com apelo popular: o horário nobre. Pecou por deixar de lado a irreverência, característica da escola. Também faltou esse espírito no desenvolvimento do enredo sobre Vinícius de Morais, no correto desfile  na União da Ilha.

O Rock in Rio não deu liga na Sapucaí, apesar do esforço da Mocidade Independente em destrinchar o “mundo melhor” da música pauleira, das boas sacadas da bateria e das soluções sustentáveis de Alexandre Louzada nos carros.

Na Unidos da Tijuca, o deus Thor ajudou a fazer da escola de Paulo Barros o terceiro colocado. As surpresas, não tão surpreendentes assim funcionaram, apesar dos problemas nos carros. Aí, pesou a força da comunidade tijucana.

A Portela pode ser medida pela imponência de sua águia: quando bela e altaneira, a gente sente firmeza no desfile da escola. O que não aconteceu esse ano. O lindo samba, um dos melhores da safra, e a bateria cheia de bossas de mestre Nilo Sérgio foram os destaques da azul e branco. Os problemas no barracão ficaram aparentes na concepção plástica das alegorias, adereços e fantasias.

O Salgueiro conseguiu apresentar com criatividade e leveza seu enredo sobre a Fama e as celebridades, criando um recorte inteligente e brincando com um tema que poderia ficar chato e redundante.

A Beija-Flor contou a participação dos cavalos na história da humanidade para apresentar uma raça brasileira: o manga-larga marchador. Iniciou seu desfile mostrando a luta de São Jorge e o dragão e abrindo os caminhos dos nilopolitanos! Foi vice.

Só um milagre, ajudado por motociclistas, permitiu que a cantora Fafá de Belém, após aparecer na comissão de frente da Imperatriz Leopoldinense, ressurgisse à frente do último carro da escola, como a Virgem de Nazaré. Milagres na Sapucaí!

A Mangueira traduziu Cuiabá para o universo carnavalesco. E não ao contrário.  Cuiabá – nem nenhum outro enredo que não fale da própria escola tem consistência para ser maior que a verde e rosa no universo do carnaval. “Respeite quem pode chegar onde a gente chegou!”: Estandarte de Ouro de melhor escola, ala das baianas, porta- bandeira, a Marcella Alves, e revelação com Matheus, o 3 mestre sala. As duas baterias que fizeram história e arrebentaram na Sapucaí.É Surdo Um, mané. Só quem viu o silêncio das arquibancadas com o carro preso na torre e os aplausos de alegria quando ele passou, pode ter uma noção do que foi o desfile que homenageou Cuiabá.

Na Vila Isabel quem mandou foi o povo do samba que avisava: “É a lida.. Arar e cultivar o solo. Ver brotar o velho sonho. Alimentar o mundo, bem viver. A emoção vai florescer!” E assim foi do arraiá que tomou conta da Sapucaí. A roça fez festa no samba!

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